o maior ponto de distribuição de máscaras de gás em Tel Aviv, em Israel, estava lotado nesta quinta feira. Em meio à multidão que obedeceu à convocação do Comando da Retaguarda do Exército israelense para se equipar com os chamados "kits de proteção", a reportagem do Terra encontrou vários cidadãos preocupados com a possibilidade da eclosão de uma nova guerra na região.
A convocação, enviada por correio a cerca de 7,5 milhões de israelenses, anuncia: "Caro cidadão, de acordo com os registros do Comando da Retaguarda você ainda não se equipou com o kit de proteção". Segundo a solicitação, "os kits de proteção fazem parte da vida", são grátis e cerca de 4 milhões de pessoas já os receberam. Esta é a terceira vez que Israel distribui máscaras de gás aos civis. A primeira ocorreu em 1990, às vésperas da Guerra do Golfo. A segunda, em 2003, antes da guerra no Iraque.
Há cerca de um ano foi iniciada uma terceira distribuição. Porém, nos últimos meses, aumentou o número de civis que comparecem aos pontos de distribuição, em consequência do medo que haja uma guerra com o Irã, com a milícia libanesa Hezbollah ou com o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Esses temores são alimentados por declarações do governo israelense, cada vez mais incisivas, sobre as intenções de "destruir as instalações nucleares iranianas para impedir a fabricação de bombas atômicas". De acordo com as avaliações de analistas militares, se Israel bombardear as fábricas iranianas, o país persa provavelmente revidará contra Tel Aviv.
Além disso, há 3 dias, a colocação de baterias anti-misseis nos arredores da cidade israelense também não contribuiu para acalmar a população. Artigos de analistas militares, publicados na imprensa local, apontam a possibilidade de que o presidente sírio, Bashar al-Assad, transfira armamentos não convencionais ao Hezbollah, que por sua vez poderia dispará-los contra Israel, aumentando a preocupação geral.
Jonathan Richey, 41 anos, encheu o bagageiro de seu carro com as caixas das máscaras. Imigrante dos Estados Unidos e pai de 8 filhos, Richey confirma o temor. "Sou responsável por oito crianças, além de minha mulher, senti que é meu dever buscar as máscaras, mas espero não precisar usá-las", disse Richey. "Podemos ter uma guerra a qualquer momento, mas apesar disso não me arrependo de ter me mudado para Israel", afirmou o ultra-ortodoxo, acrescentando que "sente uma força especial na terra do patriarca Abraão".
Noah Kaufman, 27 anos, é funcionária de uma ONG de direitos humanos que defende trabalhadores estrangeiros. "Tenho muito medo de uma guerra. Tenho medo de perder minha casa, de não conseguir fugir, de ficar ferida ou de morrer", desabafou. Libby, 38 anos, relações públicas de uma empresa, foi receber a máscara junto com o filho de 2 anos. "Não tenho medo, acho que não haverá guerra, mas vim buscar a máscara para acalmar minha mãe, ela me pressionou muito", afirmou.