HEGLIG, Sudão — A aviação sudanesa bombardeou novamente Bentiu, capital do estado sul-sudanês de Unidade, 60 km ao sul da fronteiriça jazida petroleira de Heglig, onde as tropas sudanesas comemoraram, na presença do presidente Omar al-Bashir, a reconquista da região.
"Não se negocia com esta gente", declarou Bashir referindo-se ao governo do Sudão do Sul.
"Com eles, negociamos com fuzis e balas", acrescentou o presidente sudanês.
Depois de duas semanas de violentos combates, a região de Heglig estava repleta de cadáveres de soldados sul-sudaneses mortos nos combates, que danificaram gravemente as instalações petroleiras, que representam a metade da produção do Sudão.
O Sudão anunciou na sexta-feira que havia reconquistado Heglig, ocupada pelo Exército sul-sudanês no dia 10 de abril.
Os ex-rebeldes sulistas do SPLN, no poder no Sudão do Sul desde a independência em julho passado, tiveram 1.200 baixas, disse o comandante do exército sudanês Kamal Maruf, em um discurso perante suas tropas.
Os combates também provocaram a fuga de cerca de 5 mil habitantes de Heglig e das cidades vizinhas, segundo um informe das autoridades sudanesas citado pela ONU.
Ao mesmo tempo, aviões sudaneses atacaram Bentiu, provocando a morte de duas pessoas, segundo o jornalista da AFP, que viu o corpo de um menino carbonizado.
"Trata-se de uma grave escalada e uma violação do território do Sudão do Sul", declarou Mac Paul, diretor-adjunto dos serviços secretos sul-sudaneses.
"Atendemos aos apelos para evacuar Heglig (...) mas continuam nos bombardeando", acrescentou Mac Paul.
O bombardeio de Bentiu ocorreu depois da retirada dos sul-sudaneses da região de Heglig, uma zona fronteiriça reivindicada pelos dois países, mas amplamente reconhecida como sudanesa pela comunidade internacional.
Os Estados Unidos pediram que o Sudão "interrompa imediatamente os bombardeios aéreos" e convocou ambas as partes a retomar as discussões.
A França também condenou o bombardeio e convocou a respeitar as populações civis.
Após dez dias de ocupação e de combates, as tropas sudanesas encontram as infraestruturas petroleiras em muito mal estado.
Um depósito e oito geradores foram destruídos por um incêndio e o petróleo se espalhou pelo local administrado pelo consórcio majoritariamente chinês Greater Nile Petroleum Operating Compay (GNPOC), indicou o correspondente da AFP.
A suspensão da produção petroleira em Heglig desde o dia 10 de abril enfraqueceu ainda mais a economia sudanesa, em crise desde a divisão do país, que deixou três quartos das reservas petroleiras no Sudão do Sul
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